noticias_bg

Arquivo

A turma de 2014 #1  –  O nascer dos Campeões

[Por Jonas Pereira]

Esta história começa numa segunda feira após a queima de Coimbra de 2013, onde um pequeno grupo havia-se juntado para espalhar charme (ou o terror dependendo de quem relata) na cidade estudantil cerca de uma semana depois do campeonato nacional na Guarda onde tínhamos ficado pela fase de grupos.

A época tinha sido longa e desgastante, com emoções errantes e díspares, houve a reviravolta mais épica que experienciei a jogar, mas houve momentos de tensão entre bons amigos, houve uma tentativa de futebol mais positivo, mas houve pessoas do núcleo duro a abandonar o barco por divergências com o treinador.

Aquele que foi o primeiro ano depois de uma geração que tinha marcado a equipa do Técnico, da velha guarda mantinham-se apenas o Galão, o Tiago Marques e o Marinho. Era também a época em que a minha geração, malta nascida no crepúsculo dos anos 80 e no amanhecer dos 90, se tornava o grupo mais representativo na equipa, éramos um grupo já mais maduro e experiente do que o grupo de miúdos que o Pirata tinha começado a educar 3 anos antes.

Nesta tarde de abril a descer a A1 para recomeçar os treinos para o futebol de 7 o nosso treinador ligou a pedir para nos reunirmos antes deste começar. Nesta reunião, com ressacas como só Coimbra pode oferecer o Nuno anunciou que não poderia cumprir o compromisso de nos conduzir até ao final da época. Tinha uma oportunidade profissional no estrangeiro que não podia recusar.

Ainda em choque e com um turbilhão de ideias a passar pela cabeça voluntariei-me para assumir a pasta de treinador interinamente.

Nos meses seguintes com um esqueleto de equipa que era resultado de uma época frustrante para toda a gente, comecei a preparar treinos e dirigi-los. Tenho memória de uns fins de tarde solarengos com a cidade universitária as moscas, onde mal tínhamos equipa para uma peladinha de 7.

Fomos recrutando lentamente e nesses recrutas acabou por aparecer uma das figuras mais importantes para os anos seguintes do Técnico. O Gil (agora Mister Gil) queria voltar a jogar após a grave lesão que tinha sofrido 2 anos antes na mítica batalha contra a Academia Militar. Neste torneio de 7 ele acabou por fazer alguns minutos, mas sobretudo apoiou-me bastante na adaptação à nova realidade. Era já um tipo experiente e que tinha visto a evolução da equipa nos últimos anos. Com o final da época e com a decisão tomada de ser eu o treinador para o ano seguinte convidei-o a ajudar-me no ano seguinte com adjunto.

Este foi o verão em que comecei a escrever a tese de mestrado e o primeiro onde passei muito pouco tempo na minha bela ilha o que resultou na oportunidade de acompanhar a delegação a terras algarvias da equipa do Técnico, mais uma vez as férias juntos plantaram o que viria a ser a união de betão dos próximos anos. O estio Lisboeta e a procrastinação obrigatória dos primeiros meses da tese de mestrado levaram-me a horas e horas de leitura e de vídeos sobre o Real Madrid de Mourinho, e depois de Ancelotti, mas sobretudo sobre os finalistas vencidos da Liga dos campeões e equipa que me vinha a encantar há algum tempo, o Dortmund de Klopp.

Puxava pela memória dos tempos do Marítimo para lembrar matrizes de treino e tentar criar exercícios onde conseguisse mostrar em treino o que a minha cabeça via do jogo. Estudei a fundo a teoria da periodização tática de Vítor Frade e tentei adaptá-la a um contexto universitário.

A época de 2013/2014 começa com uma enorme expectativa na minha cabeça, mudamos completamente a forma de fazer captações e por acaso ou não conseguimos recrutar gente com uma qualidade enorme. Nessa vaga de captações surgiram nomes como Dirkjan, Botas, Chico Mitra. Tentava inovar nos treinos e ter intensidade enquanto balanceava a amizade e proximidade de quem tinha sido meu colega nos últimos anos.

Com as incertezas de quem faz algo pela primeira vez e que além disso tem de criar um grupo, ser líder e mostrar o que é ser Técnico a quem de novo chegava o primeiro mês voou e o primeiro desafio seria no nosso quintal contra a FCT, equipa que nos tinha eliminado sem espinhas na meia final do ano transato.